Obviamente você deve estar se perguntando; mas que diabos os pontos extras cedidos pelos professores em sala de aula podem estar correlacionados com as crises fiscais por que passam os países europeus? Bom, a reposta não é simples, mas com boa vontade espero que vocês compreendam a lógica por trás dessa afirmação.
Por partes, vamos começar, primeiramente, com o objetivo dos pontos, isso, a famosa “nota”, que são distribuídos ao decorrer do curso. A base filosófica encontra-se na necessidade de avaliação do desempenho dos alunos. Isto é, uma forma de medida de desempenho que caracteriza se, teoricamente, o estudante aprendeu o que foi ensinado ou não. Teoricamente, sim, porque em muitos casos essa medida de análise é utilizada de modo incoerente, principalmente no ensino médio. Em suma, é uma forma de obter dados suficientes para saber se o aluno esta capacitado para o passo seguinte, pegar a próxima matéria, se formar, etc.
Mas, e ai? O que isso tem haver com a crise fiscal européia? A resposta esta em negrito. Os países europeus, em especial a Grécia, utilizaram-se de todos os artífices em alcance para contornar os repetidos déficits orçamentários de seus governos com intuito de garantir a solvência necessária para continuar se endividando e assegurar a mamata nas tetas estatais para os “muitos” contribuintes do wellfare state. Ou seja, a falta de critérios para avaliação dos balanços governamentais e, por conseguinte, ausência de fiscalização efetiva dos órgãos reguladores permitiram que a farra de alguns países continuassem por um tempo, uma grande distorção nos mercados. Tã tã tã tã. Mas não para sempre. Depois de um tempo, os investidores, sempre os salvadores e os vilões, perceberam o beco sem saída que a situação se encontrava. E a conta foi cobrada. Quem pagou? O bloco do euro, liderado pelos alemães, na grande cagada que foi o modo de concepção dessa moeda comum, amedrontados pelo futuro incerto, bancaram a conta. Mas o desempenho dos países endividados continua o mesmo.
Aonde eu quis chegar com isso? Simples. Um professor ao desconsiderar os critérios racionais no momento de mensurar pontos para os alunos e, no caso específico dos pontos extras, gera uma distorção no mercado(aqui as salas de aula), funciona como um Estado que não permite que os agentes econômicos aloquem os recursos de maneira eficiente. Os que são recompensados de forma errônea podem se garantir agora no presente, passam de matéria e obtêm boa notas. Mas, o resultado, para muitos, esta maquiado, não representa a real situação de conhecimento do estudante, e um dia a conta tem que ser paga. Por quem? Por todos os outros alunos, aqueles que se dedicaram e estudaram, que procuraram tirar dúvidas e aprender verdadeiramente o que foi estudado. Como? Pode ser no resultado da faculdade em uma prova da ANPEC, ou pode ser com o advento de uma turma mais fraca no próximo período, que por falta de nivelamento, não renderá tanto e não fornecerá bons frutos para os que se esforçaram. Bom, podem ocorrer "n" consequências em razão de um erro na medida de desempenho. Assim como aconteceu com a crise financeira e agora acontece com a crise fiscal.
Enfim, esse texto só reflete um raciocínio lógico a cerca de situações que ocorrem nas salas de aula, sem caracterizar qualquer evento específico. Serve, somente, para refletirmos, sobre o quão importante é garantir, sempre, que as leis de mercado funcionem. Quando a mão invisível aparece, como sabemos, é problema na certa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário