Em matéria recente, que pode ser lida aqui, o jornal Valor Econômico relata sobre um documento que circula internamente ao Ministério do Desenvolvimento, Industria e Comércio tratando da existência do processo de desindustrialização no Brasil e que sua origem estaria associada à valorização do Real.
Supondo ser verdadeira a tese da desindustrialização e que ela seja causada pela valorização do Real, a questão é como então desvalorizar o câmbio. E também entender o que falta ao Brasil que não consegue fazer o mesmo tipo de intervenção que a China faz, por exemplo.
Para conter a valorização do Real, o Banco Central tem comprado dólares no mercado, e esta compra significa a troca de reais por dolares. Então há um aumento da oferta de reais no mercado, o que pode provocar a queda na taxa de juros e pressões inflacionárias. Para evitar isto, o Banco Central precisa retirar o excesso de reais da economia. E assim ele vende títulos públicos que estão na sua carteira para retirar moeda da economia.
Para que a Selic e a inflação permaneçam na meta estabelecida, o Bacen precisa retirar da economia a mesma quantidade de reais que ele trocou por dólares. Ou seja, alguém deve se dispor a comprar os títulos que o Bacen oferece ao mercado.
Qualquer um na economia, com poupança disponível, pode adquirir estes títulos. Um poupador individual, investidor estrangeiro ou fundo de pensão pode comprar estes títulos. Então se o Bacen entrega uma quantia de reais ao investidor A em troca dos seus dólares, o Bacen precisa vender títulos públicos na mesma quantia de reais que ele trocou por dólares ao investidor B que está interessado em ter títulos públicos na sua carteira.
E aqui vemos que o volume da intervenção do Banco Central no mercado de câmbio depende do volume de poupança disponível na economia. Uma maior poupança permite uma maior intervenção no câmbio, e uma menor poupança permite uma menor intervenção no câmbio.
Se o governo tivesse um superavit primário maior, poderia o governo comprar do Bacen títulos da dívida do governo que estão no Banco Central. Isto daria maior poder ao Bacen para intervir no câmbio, além de diminuir a rolagem da dívida do governo, o que pressionaria menos os juros. E ao reduzir suas despesas, pressionaria menos ainda a demanda e reduziria a pressão inflacionária.
A elevação da poupança pública no Brasil seria importante para estabilizar a economia.
O resultado de um maior ajuste fiscal, sem elevação da carga tributária, é a desvalorização do câmbio, redução dos juros e maior controle da inflação.
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