Blog dos alunos destinado ao livre debate de idéias e temas diversos entre os alunos, ex-alunos, funcionários, professores e colaboradores da FUCAPE Business School.











sábado, 2 de julho de 2011

Obras públicas, Restos a pagar e seus impactos na economia.

"Restos a pagar" é prorrogado por mais 3 meses:


Então pessoal,

Para quem não sabe do que se trata a notícia acima, a situação é a seguinte: no congresso Nacional, deputados e senadores conseguem verba junto aos ministérios para realização de obras ou compra de equipamentos para municípios dos seus estados.

Por exemplo, um deputado consegue junto ao Ministério dos Esportes, R$ 100.000 para que a Prefeitura de Vitória construa uma quadra esportiva. Depois, a Prefeitura é comunicada que irá receber esses recursos, assina um contrato junto à CAIXA, Banco do Brasil ou BNDES (onde o dinheiro será depositado), providencia um local para que quadra seja construída, faz os projetos e a licitação. Quando tudo pronto para iniciar a construção, o Ministério é comunicado e faz o depósito do dinheiro na Conta Corrente desta obra.

Acontece, que em muitos casos o ano termina e o dinheiro simplesmente não vem. Isto acontece por diversos motivos: a Prefeitura não concluiu os projetos ou não terminou a licitação, o parlamentar "dono" do recurso não tem força política para pressionar o Ministério a enviar o dinheiro para a Prefeitura, etc... É aí que essa verba vira "Resto a pagar" e passa a ter um prazo para ser realizado.

O prazo para crédito dos restos a pagar relativos aos anos de 2007, 2008 e 2009 venceram na última quinta-feira, dia 30. Entretanto, a presidência decidiu prorrogar essa validade para 30 de setembro de 2011.

Agora vejamos como isso irá afetar a economia:

Sabemos que

Y = C + I + G + NX;

e que um dos componentes do G da equação (gastos do governo) são relativos às emendas parlamentares, sendo que o G afeta o PIB e a inflação. Também é sabido que o governo vem envidando esforços para reduzir seu tamanho em nome da austeridade fiscal:


Portanto, estamos nesse dilema (ou DIL - le - MA, entenderam o trocadilho??? heheh): retardar os investimentos em infra-estrutura e bens públicos, reduzindo a pressão inflacionária, ou seguir com os investimentos, correr o risco de não bater a meta de superávit e gerar mais inflação.






sábado, 18 de junho de 2011

Quem disse que economia e finanças têm de ser chatas para informar?

Então,

Seguindo o propósito de nosso blog, sugiro que visitem o portal Hotmoney.

Vencedores do Prémio ITAU de Finanças Sustentáveis - 2010, com o artigo "9 1/2 dicas de como cuidar da sua vida... Financeira!", o portal trata de economia e finanças de uma maneira, digamos, descontraída.

Eu gosto muito de podcast... Procurando por alguns, acabei encontrando o HotMoney e seu podcast, o AfterMarket. Nele, André Abou, Danilo Reis e André Visnadi passam informações sobre a economia mundial, mas de uma maneira incrivelente divertida. Dái, o chamariz "Quem disse que economia e finanças têm de ser chatas para informar?"

Pauta do AfterMarket Podcast, desta semana:

    - Risco do Brasil é menor que o dos EUA! Segundo Mantega…
    - Poli-USP cria fundo de universidade
    - As transações bancárias na internet
    - Números da Bolsa de Valores e o dólar
    - Hackers tentam invadir aparelhos… Haja coração!
    - Helicóptero-avião bicicleta
    - Groupon e Pandora na Bolsa dos EUA: um paradoxo
    - Mais Grécia, agora com a Alemanha
    - O calote dos EUA!!!!

sábado, 9 de abril de 2011

Para onde vai a economia com os improvisos do Governo?

Matéria exibida no Jornal Conta Corrente da GloboNews, em que foi entrevistado o economista Marcio Garcia, professor da PUC RJ.




Alguns questionam a falta de uma atitude firme do governo em conter a valorização do Real diante do dólar, e que o Banco Central fez o certo em não elevar a Selic fortemente e que os cortes no orçamento podem reduzir os investimentos públicos e gastos sociais.

Primeiro temos que esclarecer que o corte de 50 bilhões anunciado foi feito sobre um orçamento aprovado e que já previa gastos para 2011 maiores que o gastos efetivos do Governo Federal em 2010. Ou seja, mesmo depois do corte, o governo ainda gastará mais do que em 2010. Qualquer dúvida é só reler o comentário do Mansueto de Almeida.

Não há corte real, pois o governo ainda gastará mais do que em 2010. A redução do gasto público só seria real   se o montante do gasto fosse menor que em 2010. E por isto muitos se mostram céticos sobre estes cortes.

E um gasto elevado do Governo afeta tanto a taxa de juros quanto a taxa de câmbio, pois força uma elevação da Selic e uma apreciação do câmbio.

O resultado da tentativa do Governo em a valorização do Real e evitar que ele caia abaixo de R$ 1,60 é uma maior pressão inflacionária. Quando o câmbio flutua livremente, a elevação dos preços das commodities é atenuado pela valorização do câmbio, mas quando o governo evita que o câmbio caia abaixo de R$ 1,60, alguém tem que se mover para fazer o ajuste entre os preços e isto é feito pela inflação.

Hoje o que há é uma inconsistência entre as políticas do governo e uma falta de certeza para onde elas nos levarão.

Mas o Governo começa a perceber as contradições das suas medidas, tando que o Real chegou a cair a R$ 1,58.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

O equilíbrio entre a oferta e a demanda



Via Greg Mankiw.

Os brasileiros e o livre mercado

A revista The Economist publicou os resultados de uma pesquisa sobre o livre mercado, e o Brasil é o segundo país onde os entrevistados mais concordam com a noção de que o livre mercado é o melhor.

Mais pode ser lido no site da revista The Economist.

terça-feira, 5 de abril de 2011

A produtividade total dos fatores nos EUA: grande estagnação?

O debate sobre a grande estagnação em gráficos...





Via DAVID BECKWORTH

domingo, 20 de março de 2011

Zumbis econômicos

Márcio G. P. Garcia
(Ph.D. por Stanford, professor do Departamento de  Economia da PUC-Rio)
11 de março, 2011

É extremamente perigosa a ideia de que o controle da inflação possa ser obtido sem afetar o crescimento do PIB.

A inovação cênica mais impressionante do desfile das escolas de samba no Rio foi a comissão de frente da Unidos da Tijuca, com seus mortos-vivos cujas cabeças despencavam bruscamente. Também na economia, ideias que pareciam enterradas voltam a empolgar alguns economistas. Para o bem de nossa economia, cabe reenviar tais zumbis econômicos de volta às sepulturas. Vamos a eles.

Tornou-se freqüente o argumento de que, no governo Dilma Roussef, o Banco Central (BC) teria passado a fazer uso de um conjunto mais diversificado de instrumentos, ditos macroprudenciais, para combater a inflação. Disso decorreria necessidade de menor elevação dos juros. Na realidade, tais instrumentos têm sido largamente usados na economia brasileira, há décadas, para conter a expansão do crédito. O principal deles, os recolhimentos compulsórios ao BC, atinge, no Brasil, provavelmente os níveis mais elevados no mundo há muitos anos. Prova disso é que o combate à crise pôde contar com a liberação de cerca de R$100 bilhões de compulsórios dos bancos, que muito ajudaram a restituir a liquidez. Os aumentos dos compulsórios em 2010, aliados a outras medidas que restringiram o crescimento do crédito, não constituem novidade entre nós. Após o Plano Real, quando a demanda agregada crescia perigosamente, o BC impôs grande aumento de compulsórios, instituindo até um inusitado compulsório sobre empréstimos bancários. 

Temos, sim, larga experiência no uso de tais medidas administrativas no controle inflacionário. O problema é que, não obstante o auxílio que a liberação dos compulsórios possa ter prestado ao combate à crise em 2008, não é claro que o uso dos compulsórios para controle do crédito e da inflação seja uma experiência exitosa no Brasil (ou em outros países). A verdade é que os compulsórios foram aqui elevados em
momentos em que a demanda agregada explodia e não se queria deixar todo o trabalho aos juros. Passada a explosão da demanda, a redução dos compulsórios foi sempre muito gradual, permanecendo seus níveis anormalmente elevados quando comparados a padrões mundiais.

Embora muito menos citados do que juros altos, compulsórios elevados, constituem, ao lado daqueles, a base da política monetária extremamente apertada necessária para manter a inflação sob controle desde o Plano Real, simplesmente porque a política fiscal tem sido tradicionalmente muito frouxa. Os bons macroeconomistas brasileiros estão roucos de afirmar a necessidade de mudar o mix de políticas macroeconômicas para se ter uma política fiscal menos expansionista e uma política monetária mais frouxa.
Entretanto, nosso sistema político parece incapaz de gerar coalizões que consigam conter de forma duradoura a expansão de gastos públicos.                                                

Também tem sido propalada a ideia de que, a partir da mudança no comando do BC, teria passado a haver melhor coordenação entre as políticas fiscal e monetária. Esta é uma avaliação pouco razoável, uma vez que a mudança se deu no comando do BC, que não responde pela política fiscal, a origem do problema. Como se sabe, manteve-se o mesmo Ministro da Fazenda que levou adiante a equivocada e eleitoreira expansão
fiscal em 2010. Por que, então, a pretensa coordenação de agora deveria conduzir a uma melhor política fiscal?

As últimas medidas fiscais mostram que a essência de tal expansionismo não mudou.
Em que pese a boa iniciativa do corte de despesas públicas deste ano, que precisa ainda ser complementada por um plano plurianual de controle do crescimento de gastos, o governo continua a expandir a demanda agregada com sucessivos e altamente onerosos aportes a bancos públicos, ao BNDES, sobretudo. Assim, é difícil que o uso de pretensos novos instrumentos de política monetária, ou o ilusório aprimoramento da
coordenação BC-Fazenda, venha a permitir a redução permanente dos juros reais na economia brasileira sem colocar em risco o cumprimento da meta para a inflação.

Outro zumbi que afronta a economia é a presunção de que a convergência da inflação para a meta possa ser feita sem afetar o crescimento do PIB. A menos de imprevisíveis choques favoráveis, como a improvável queda dos preços de commodities, a redução da inflação acarretará, sim, custos de PIB e de desemprego. Se o desenho da política macroeconômica (monetária, fiscal e cambial) procurar elidir tais custos, é muito
provável que a inflação não venha a convergir para a meta tão cedo. 

Nunca é demais repetir. É fundamental que os condutores de nossa política econômica tenham claro que a volta da inflação à meta (4,5%) em 2012, dados o equivocado expansionismo fiscal de 2010 e os choques de custos que vêm do exterior, requererá, sim, que o PIB cresça aquém de seu crescimento potencial. Isto significa que o crescimento deste ano não poderá chegar a 4% e que serão necessárias decisões duras,
como cortar despesas do governo na carne e interromper de vez os repasses aos bancos públicos. 

Em suma, é ilusório achar que passamos agora a dispor de novo instrumental de política econômica que nos permitiria obter, sem custos, os benefícios de baixa inflação com crescimento. Tal discurso tem um risco muito conhecido, o da alta inflação. O Brasil ainda não completou a maioridade quanto ao controle inflacionário, duramente conquistado apenas em 1994. A reação dos agentes econômicos brasileiros à alta da
inflação tende a ser muito maior do que a que se observa nos países que não viveram a hiperinflação. A ata do Copom, divulgada ontem, volta, apropriadamente, a mencionar a inércia inflacionária, e a advertir, indiretamente, contra a indexação de salários, como a regra adotada para a correção do salário mínimo (“um risco importante reside na possibilidade de concessão de aumentos nominais de salários incompatíveis com o
crescimento da produtividade”). Não convém brincar, é melhor deixar o zumbi da inflação bem enterrado.